Última alteração: 2018-10-23
Resumo
No cenário da ciência contemporânea os dados deixam de ser meros subprodutos da pesquisa e se tornam protagonistas das novas metodologias de investigação científica, tendo como catalisador as tecnologias digitais e as redes de computadores que transformam a ciência e tornam os seus processos de pesquisa. mais transparentes e abertos. Porém, apesar dos avanços na comunicação científica e no acesso e compartilhamento dos materiais de pesquisa, metodologias, códigos instrumentos e muito mais, redefinidos pelos pressupostos da ciência aberta, há uma parcela considerável do trabalho científico que não está visível nem para a sociedade em termos de benefícios e qualidade de vida, nem para os pares para o reuso em novos experimentos ou para impulsionar a interdisciplinaridade da ciência. Uma grande parte das descobertas científicas não aparecem na literatura publicada, ao invés disso, reside nas gavetas e nos computadores pessoais dos pesquisadores. Este fenômeno tem os contornos mais nítidos no segmento da ciência conhecido como “cauda longa da ciência”, onde um grande número de pequenas equipes de pesquisadores e laboratórios independentes gera no seu dia a dia de pesquisa uma ampla variedade de coleções de dados de pesquisa. Estes dados são reconhecidos como ativos informacionais de alto valor, que coletivamente tem o potencial de ser mais relevante que a soma de suas partes. A cauda longa é ainda um território de criatividade e inovação. Tomando a riqueza e diversidade dos dados da cauda longa como a ambiente de estudo, o presente artigo tem como objetivo compreender as principais causas, os desdobramentos e as possíveis soluções da invisibilidade dos dados de pesquisa deste segmento da ciência. Como recurso metodológico, analisamos a literatura que fala sobre a cauda longa, extraindo as informações sobre o problema e as soluções e revendo as experiências, as discussões internacionais e os estudos em outras áreas da ciência.