Última alteração: 2018-07-05
Resumo
Diante da emergência do compartilhamento de dados científicos no âmbito da internet, tornou-se necessário repensar o papel da biblioteca e do bibliotecário nesse contexto. O bibliotecário, como cientista da informação, deve acompanhar as mudanças tecnológicas e de demandas informacionais, enriquecendo o seu campo de atuação e ressignificando o seu papel na sociedade. A presente discussão tem como propósito entender quais são, de forma mais específica, os papéis necessários às bibliotecas e ao bibliotecário de dados, ou data librarian, perante o novo contexto oferecido pela e-science. O gerenciamento de dados de pesquisa (GDP) surgiu da necessidade de tratamento, compartilhamento e preservação de dados científicos no âmbito da comunidade acadêmica, aspectos semelhantes aos serviços que as bibliotecas universitárias já prestam com acervos digitais convencionais (teses, dissertações etc.). Logo, as bibliotecas poderiam intervir nesse processo como líderes de iniciativas relacionadas à conscientização da academia sobre a relevância do GDP, além de intervirem em atividades concernentes ao acesso aos conjuntos de dados, ao preparo das coleções para depósito, à gestão de seus respectivos metadados e à garantia de armazenamento permanente. Orientações quanto às formas adequadas de citações de dados de pesquisa em trabalhos acadêmicos, bem como questões relacionadas aos direitos autorais, à propriedade intelectual e à privacidade também são outros possíveis serviços de suporte que a biblioteca poderia oferecer. Quanto ao bibliotecário de dados, existem atribuições que podem ser desempenhadas por esse profissional, a saber: identificação de conjuntos de dados para atender às necessidades dos alunos ou do corpo docente; orientação no acesso a recursos de dados e aconselhamento aos pesquisadores sobre os padrões atuais de organização de dados em áreas específicas; auxílio no desenvolvimento de planos de gerenciamento de dados através da criação de sites especiais para descrever os serviços disponíveis. Destaca-se a relevância de discussões acerca de métodos mais apropriados para a indexação de conjuntos de dados observacionais e experimentais pelos bibliotecários, além de identificar diferenças entre o tratamento de dados sem carga subjetiva (tabelas, gráficos etc.) e o tratamento de dados com carga subjetiva (entrevistas, questionários abertos etc.). Concluiu-se que o bibliotecário de dados ainda é pouco conhecido na literatura científica brasileira, trata-se de um profissional que precisa definir e consolidar a sua importância perante a comunidade acadêmica e perante seus pares. É notória a importância que a literatura levantada deu para a criação de redes, conexões, laços mais estreitos entre os bibliotecários de dados e os cientistas. Se o bibliotecário até então se mostrava passivo em relação às demandas dos pesquisadores, a nova realidade da GDP trará novos desafios que precisarão ser abraçados e superados. Será necessário repensar a própria graduação em Biblioteconomia, dando a ela um novo currículo que abarque a presença dos dados de pesquisa, além de mais conhecimento sobre outras tecnologias, novas percepções sobre a catalogação e a indexação de dados científicos e outros olhares sobre os metadados. Seria importante também incluir a gestão de dados científicos na pós-graduação, tanto stricto sensu quanto lato sensu. Esse contexto reforça a importância do perfil dinâmico necessário ao bibliotecário.