Após o colapso do modelo fordista de produção, Harvey e Castells (1992; 2005) afirmam que houve uma reestruturação global do capitalismo, onde ocorreram diversas transformações no cenário social da vida humana, sendo que para Castells (2005), essas transformações foram concentradas nas tecnologias da informação, resultando em um novo paradigma tecnológico que concretizou um novo estilo de produção, comunicação, gerenciamento e vida. Nesse novo contexto, o cidadão contemporâneo, passou a fazer uso cotidiano de soluções informatizadas para desempenhar diversas atividades sociais. Tais soluções informatizadas, ao serem usadas, geram diversos rastros, os quais segundo Doneda (2011), podem ser interpretados como dados pessoais, afinal, se referem a atos e revelam características físicas ou de personalidade. Esses dados constituem, hoje, preocupante produto de um mercado que se apoia em modelos de negócios voltados a vigilância (PARISER, 2012; BAUMAN, LYON, 2014) e vêm sendo objeto de exploração, comercialização, usos não previstos e divulgação indevida por companhias que estão inseridas nessa economia de dados, economia essa que pode ser comparada a um ​iceberg cuja ponta exposta ​é representada por Amazon, Facebook, Google etc., que sabidamente coletam dados pessoais e os utilizam. Mas esse ​nicho tem sua real dinâmica movida pela parte submersa do iceberg, representada pelas empresas ​data brokers (espécies de “corretoras de dados”), especialistas em captura, processamento, perfilhamento e venda de dados. No entanto, ainda não se tem, de forma sistematizada, uma discussão científica que permita situar os dados pessoais como algo que esteja vulnerável a ações invasivas ou fraudulentas e, como consequência, o papel a ser desempenhado pelo profissional da informação nesse contexto.