Portal de Conferências, XI Encuentro de la Asociación de Educación e Investigación en Ciencia de la Información de Iberoamérica y el Caribe

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Abordagem clínica da informação: da construção de um repertório de práticas de investigação à semiologia dos processos infocomunicacionais
Claudio Paixão Anastácio de Paula, Débora de Almeida Dias

Última alteração: 2019-03-16

Resumo


Neste estudo descritivo baseado em pesquisa documental reavalia-se a trajetória que conduziu ao desenvolvimento da Abordagem Clínica da Informação (ACI). Essa reavaliação percorre um caminho que veio desde os primeiros estudos – que tratavam da possibilidade de investigar a existência de uma psicodinâmica da informação alicerçada nos conteúdos simbólico-afetivos influenciadores subjetivos da relação sujeito/informação e, consequentemente, dos comportamentos informacionais – até a sua formulação mais atual a partir da aproximação com o Paradigma Indiciário proposto por Carlo Ginzburg. Esta formulação sugere-a como uma alternativa metodológica para as investigações na perspectiva das práticas informacionais. Apresentam-se os aspectos centrais da Abordagem – que a foram constituindo ao longo do tempo até que ela adquirisse a sua conformação atual como uma extensão metafórica da prática semiológica médica – para, em seguida, apresentar, de forma sintética, evidências e achados coletados em estudos conduzidos sob essa perspectiva. Os estudos abordados percorrem temas tão diferentes como a influência dos alinhamentos institucionais de grupos de professores na interpretação que eles fazem da informação numa instituição de ensino até a distribuição dos artefatos cognitivos em um laboratório e a sua influência na pesquisa e na produção do conhecimento – passando pela influência das informações compartilhadas institucionalmente no estabelecimento de vínculos afetivos entre os egressos e as suas instituições de ensino de origem. Muitos desses estudos se basearam naquilo que Kendra Albright veio descrever como um terreno teórico fértil para investigar o comportamento informacional: o campo das teorias psicodinâmicas. No caso das pesquisas analisadas, esse campo foi investigado através do aporte das teorias de Carl Gustav Jung e Gilbert Durand, tomadas como referenciais para investigar as motivações e as emoções subjacentes – e localizadas fora do domínio da consciência – que moldam parte significativa dos comportamentos e práticas dos sujeitos informacionais. A releitura desse percurso resultou na avaliação da contribuição da ACI para o campo Ciência da Informação (CI) em geral e, mais especificamente, na condução de investigações sobre a influência do imaginário nos processos infocomunicacionais. Com base nesses resultados propõe-se que a abordagem apresentada poderia contribuir para o aperfeiçoamento dos estudos sobre sujeitos e práticas informacionais em geral e, mais especialmente, para a investigação de um amplo leque de questões que variam desde as relações entre motivações individuais e coletivas para ações tradicionalmente estudadas pela área – como a busca e o uso da informação – até a pesquisa sobre o impacto de objetos menos frequentemente investigados pela CI – como a personalidade e outros elementos inconscientes – na interação com a informação. Finalmente, a partir dessa reflexão, são discutidas as exigências que a adoção dessa mudança de postura nos estudos da área acarretaria sobre formação dos pesquisadores. Como exemplificação de uma iniciativa para desenvolvimento dessa postura, apresenta-se, brevemente, o projeto de Tutoria Científico-Acadêmica desenvolvido com estudantes voluntários de iniciação científica.


Palavras-chave


Abordagem Clínica da Informação; Paradigma Indiciário; Práticas Informacionais; Imaginário.

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